X-Men: Dias de um futuro Esquecido
Direçao: Bryan Singer
Elenco :Hugh Jackman,James Mcavoy ,Michael Fassbender ,Jennifer Lawrence,Patrick Stewart ,Ian McKellen,Ellen Page, Halle Barry, Shawn Ashmore e Evan Peters
Ausente do mundo dos heróis da Marvel, depois dos dois primeiros filmes, Bryan Singer retorna à saga mutante que o consagrou, para encontrar uma base muito bem montada (por ele mesmo no dois primeiros filmes) e consolidada por Brett Ratner com o eficiente X-Men : Confronto final e por Matthew Vaughn,no ótimo X-Men:Primeiro Classe. Este último dá a base para o novo longa, fazendo com que “Dias de um futuro esquecido” soe como uma “continuação” e amadurecimento da história e personagens interligando com os filmes anteriores.
Com esta base em mente somos transportados para um futuro apocalíptico, sem fronteiras e com nações destruídas, onde os mutantes e posteriormente humanos (em uma explicação convincente) são sistematicamente caçados -- como em um regime ditatorial. A lei, juiz e carrasco são representados pelas figuras das sentinelas--com seu visual alienígena que foi evoluindo de acordo com as épocas. Se no filme anterior (First Class) éramos levados para os anos 60 e a crises dos mísseis em cuba, neste -- depois da sequencia inicial--estamos nos anos 70 com a guerra do Vietnã e todo o panorama político conhecido.Esta continua sendo uma grande sacada do roteiro, assim como no "First Class" nos traz uma verossimilhança sem jamais soar algo fantasioso -- esperando que seja uma tendência definitiva para os próximos filmes de heróis.
Neste momento vale destacar direção de arte e figurino, que fizeram um trabalho muito bom, sem exageros, principalmente em apostar na maior parte em roupas de cores neutras e discretas. Ou quando não, as cores fortes (vermelho principalmente) não destoam ou descaracterizam a fotografia. O roteiro feito por Simon Kinberg -- que conta com a colaboração do próprio diretor de “First Class” (Matthew Vaughn ) e a direção de Bryan Singer-- jamais deixam os espectadores sem respostas ou perdidos, e se por alguns momentos, devido à viagem do tempo, temos um pouco de diálogos expositivos -- o que compreensível -- o restante da história se desenvolve de maneira sólida e simples, lançando sempre as dúvidas e conflitos para serem resolvidos de maneira coerente, satisfatória e com a carga dramática necessária.
E como não poderia deixar de ser, toda a identificação não seria possível sem os bons componentes humanos que conduzem a narrativa e com o time entrosado pelas experiências anteriores--ao contrário do eterno problema de grandes elencos que costumam atrapalhar o desenvolvimento da história--ninguém em “Dias de um futuro esquecido” fica deslocado ou servindo de escada para outros personagens. E mesmo aqueles que aparecem pouco --um deles podemos dizer que só pode ser sina --surgem na tela com dignidade e cada um com sua importância --mesmo que o destino de alguns possam ser trágico.Talvez alguma ressalva para a Ktty Pryde (Ellen Page) mas,temos que levar em conta que ela tem uma funçao importante na história.Mas os persongens de Bobby/Homem De gelo (Shaw Ashmore) e o Beast/Henry Maccoy realmente não tem muito o que fazer.
No núcleo central James Mcavoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence criam a dinâmica e complexidade necessária que movem a narrativa ,e consequentemente influenciando (cada um a sua maneira) os fatos que terão impactos diretos na trama.O amadurecimento dos mesmos é algo muito bem resolvido, mostrando as rusgas, suas paixões e respeito --por que não medo-- que um nutre pelo outro.E Logan (Hugh Jackman) surge sempre--devido ao carisma do ator--como o elo na trama com o público já identificado com sua história.
Se temos com James Mcavoy um jovem Charles Xavier, amargurado, com um sentimento de culpa e com o interessante dilema físico x mente, não podemos dizer o mesmo do Magneto de Michael Fassbender que ao contrário de seu amigo, sempre tem a consciência do seu poder e obstinação para levar a frente seus ideais-- além de importante influência na historia americana .E o mesmo não hesita em justificar em nenhum momento o fim pelos meios, mesmo que traga a dor para aqueles que se importavam com ele.
E não podemos de deixar de destacar o paralelo deste conflito e os seus reflexos em seus personagens na versão do futuro, onde Ian McKellen e Patrick Stewart que mesmo em poucas cenas,e com toda a dignidade que lhe são características, fecham (ou fecharão)o arco de suas histórias, para um bem maior. E a outra ponto do triangulo temos a Mística de Jennifer Lawrence, movimentando a narrativa, que em sua “falta” de identidade e ,nos sensibiliza com uma mulher, que busca em uma luta pessoal, uma redenção (ou vingança) dos seus conflitos e que poderá mudar para sempre o futuro da humanidade .
Peter Dinklag, como o pai das sentinelas, surge com sua diminuta estatura gerando a metáfora necessária e óbvia para justificar a sua obsessão em destruir aqueles “gigantes” da genética .E por fim , mas não menos importante a aparição do personagem de Evan Peters que nos brinda com seu Mercúrio em um sequência que merece destaque pela plástica e criatividade ,e não menos cômica.Tudo bem montado, sem soar desnecessário ou descartável. Devemos ressaltar também a montagem que jamais deixa de criar tensão, principalmente quando se esta alternando entre o passado e futuro, como o exemplo, as cenas de lutas do jovem e o velho magneto, onde é criado um contra ponto, pois apesar das cenas terem a mesmas características, possuem significados completamente diferentes, ratificando a mudança de comportamento, ideologia e caráter do personagem.
E para finalizar, o filme nos fornece sequências e situações emblemáticas difíceis de enumerar. Fora a cena comentada anteriormente com o personagem Mercúrio (Evan Peters),como não ficar pasmo com o simbolismo da submissão e cerco do poderio americano diante da nova ameaça. Ou a luta entre protagonistas que faz alusão a uma característica que um deles já perdeu. Ou as cenas mais introspectivas que ao tentar convencer um personagem a mudar seus planos, o fazem de maneira delicada. Enfim, um ótimo filme e um belo exemplo de como ser fiel à essência mitológica dos quadrinhos. E mesmo que haja questões não claremente resolvidas, como filme ele “fecha” de maneira convincente a história, constrói uma ponte com os filme anteriores, zera a narrativa a grosso modo, e abre espaço para novos desafios e perigos.
Cotação 4/5