A série Alien, tem uma grande importância na minha formação cinéfila, pois acompanhei a saga da Ten.Ripley de perto ,e apenas por questões de idade, não pude ver "Alien 8° passageiro" nos cinemas (Somente pela Tv). Mas escolhi o terceiro longa para analisar, por ser para mim um dos mais subestimados filmes que já vi na vida. Na época que o assisti no saudoso cinema Madureira 2, me lembro dos meus amigos da escola , que foram comigo, reclamarem muito do filme ao final da sessão, mesmo com aquele final em que a Ripley...(Enfim eu poderia contar pois pelas regras dos Spoilers o filme já prescreveu, mas não farei, agora ). Mas eu fiquei meio que em cima do muro, pois entendia os motivos das reclamações , mas eu senti que tinha algo a ser admirado.

      Claro que os motivos das reclamações eram explícitos, mesmo que opinião de adolescente sobre filmes não se deva levar, muito a sério, devido à falta de bagagem e referências ... Enfim , estas reclamações deviam-se ao fato que Alien 3 ser completamente diferente do seu antecessor (Aliens-O resgate) que já era totalmente diferente de "Alien - 8° passageiro" (Se tornado uma característica da série esta diferença entre os filmes). Se no segundo tínhamos um filme de ação desenfreada, bem com cara de anos 80, dirigido por James Cameron, neste terceiro trocamos esta ação por um clima de suspense bem mais próximo do primeiro. Claro que o filme de Ridley Scott sendo um dos maiores clássicos do cinema, qualquer comparação é injusta, mas o terceiro filme usa as mesmas estruturas do primeiro, com ambiente claustrofóbico e apenas um Alien em ação. E ainda levanta questões religiosas e eleva a personagem de Sigourney Weaver a enfrentar decisões mais complexas e dolorosas.

       Esta abordagem elegante e com visual moderno para a época feita pelo então estreante David Fincher, surpreendeu quem esperava tiroteios e Aliens em profusão, mas mesmo assim o filme não decepciona e todos os problemas do filme são puros e exclusivamente culpa da Fox que mutilou o filme como jamais visto. Não apenas mutilou, mas mudou completamente a visão do diretor para o longa, a ponto de refilmarem certas cenas. Isso sem falarmos dos problemas de bastidores como o prazos apertados, pressão sobre o prórprio Fincher ( que como estreante não tinha muita força) e problemas técnicos , como o fato de usarem pela primeira vez CGI para construir o Alien , tornando o resultado bem artificial  em algumas cenas.

      Com o filme começando exatamente onde termina o anterior (Com Ripley vagando no espaço), a nave,devido a uma pane, cai em um planeta inóspito que serve de local para uma colônia penitenciária, dominado por homens e sem armas de fogo( em uma decisão corajosa do roteiro de contrastar imediatamente com seu antecessor).E os motivos desta queda é explicado em cortes rápidos durante os créditos iniciais, agilizando a narrativa. O filme nos presenteia com belas sequências, com na autopsia e posteriormente o funeral de alguns personagens que não sobreviveram , contrastando com o nascimento do Alien incubado em um cão e a cena de perseguição do Alien, usando uma câmera subjuntiva. Destaque também para a direção de artes que torna o filme quase uníssono com seu palheta granulada , clima sombrio, suado e sujo.

      O longa possui também personagens bem desenvolvidos, que mesmo usando o mesmo tipo de figurino e aumentando unicelularidade pelo fato de todos rasparem a cabeça, inclusive a própria Sigourney Weaver, não perdem a distinção entre eles. Dentro destes personagens destacamos o ator Charles S. Dutton,como uma espécie de reverendo que é a linha que separa os outros prisioneiros de seus instintos mais cruéis, e também para Charles Dance como o médico que possui um passado de crime e aceita sua pena e é o responsável realmente pelo único envolvimento amoroso/sexual da Ten. Ripley durante a saga.

     Claro que tudo não são flores, o filme carece de um melhor ritmo e situações poderiam ser mais exploradas aproximando este Alien 3 do universo e todas a conspiração que envolve a empresas Wayland que deseja a todo custo usar o Alien como arma . Mas mesmo assim o longa não se esquece deste detalhe com a bela sequencia final, com a participação do eterno Bishop ( Lance Henriksen). E ratifico que todos este problemas são pura e exlusivamente  da Fox que cortou cenas e alterou sequencias inteiras , fazendo que o proprio David  Fincher renegasse o filme até hoje . Tais cenas e sequencia cortadas podem ser vistos nos Dvd e Blu Ray , que trazem um espécie de “Diretor’s Cut” que com estas cenas , fazem o filme se tornar algo mais complexo e coeso.

     Abaixo segue as diferenças entre o que foi lançado nos cinemas e o que tem no “Diretor’s Cut” (SPOILERS) : 

     No inicio da versão Diretor’s Cut ,temos um plano geral do planeta muito maior do que dos cinemas , fazendo que o espectador seja melhor inserido na atmosfera do planeta prisão. O Alien nos cinemas sai do cachorro de um dos prisioneiros, enquanto na versão “Diretor’s Cut”, o Alien sai de um boi de um matadouro . Neste caso não destoa muito, pois o alien continuou com a explicação de ser um quadrúpede e não bípede, mas foi uma cena bem filmada  jogada fora.

      Nos cinemas, os plano de apriosionar o Alien em um deposito não é bem sucedido, fazendo com que vários presos sejam mortos pela explosão causada acidentalmente por um destes ao ser atacado pelo Alien. Na Diretor’s Cut” , eles CONSEGUEM prender o Alien , que é solto por um prisioneiro que acha que a criatura é um entidade divina . Esta é  a sequência que mais me deu raiva de ter sido cortada , pois no cinema a cena ficou confusa devido aos cortes  e ainda perdeu o peso pela questão religiosa , que era uns dos principais aspectos levandos pelo Diretor.

      E na famosa cena em que a Ten.Ripley se joga para a morte já contaminada pelo embrião do Alien  , nos cinemas a Fox teve a cara de pau de fazer com que o bicho saia do tórax da personagem e a mesma ainda teve tempo de segurar o bicho antes de morrer. Na versão Diretor’s Cut” o  bicho NÃO sai da Ripley ,ou seja , jogaram para o público desnecessariamente, fazendo com que o suicidio perca a importância e significado.