Casablanca
Ano: 1942
Direção: Michael Curtiz
Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Peter Lorre, Dooley Wilson e Conrad Veidt.
Há filmes que nascem--mesmo que sem querer-- para entrarem na história do cinema, e Casablanca é um dos seus maiores exemplos. Lançado em plena segunda guerra – com problemas de roteiro e inúmeros atrasos da produção, além da recusa de vários atores em aceitar os papéis--o filme se tornou um ícone e símbolo eterno do cinema, principalmente por sua atmosfera exótica para a época e com personagens que ficaram eternizados no instinto coletivo cinematográfico.
Mesmo alguém um pouco familiarizado com cinema e que jamais tenha visto Casablanca não ficará indiferente e reconhecerá imediatamente as suas marcas registradas: a atuação de Humphrey Bogart, a despedida de Ingrid Bergman na cena final no aeroporto em meio à névoa, e claro, uma das mais conhecidas canções da história do cinema : As Time Goes By ("Play it again, Sam"). Além de bela, a canção tem função dentro da composição do personagem principal por ser esta ser a trilha do seu passado, e que traz ao protagonista a dor por lembrar-se da sua antiga paixão.
Mesmo visto como um romance, o pano de fundo dá todo o suporte necessário para engrandecer a historia de amor entre Rick e Ilsa. Ambientalizado na cidade homônima – ainda território livre francês –, Rick (Bogart) é dono de um café-cassino e que serve clandestinamente como local de negociações para refugiados de toda a Europa, antes mesmo deles conseguirem as suas passagens para Lisboa para que, assim, pudessem fugir do nazismo em direção aos Estados Unidos. O local ainda é palco de gritos de liberdade como na clássica cena quando o público canta a Marselha em resposta aos brados dos oficiais alemães liderados pelo Major Strasser, interpretado por Conrad Veidt, conhecido pelo clássico Gabinete do Dr. Caligari.
Rick é um homem cínico e indiferente aos acontecimentos e sempre se mantendo distante de clientes e das autoridades, além do seu passado americano e militar. Todavia, o seu mundo é abalado quando seu amigo Ugarte o confidencia documentos de salvo indulto que valem muito dinheiro, servindo também como atestado de morte, uma vez que Gestapo está à procura de tais documentos e de quem os adquiriu.
Neste cenário – sempre ao som do piano de Sam (Dooley Wilson) – surge Ilsa Lund – vivida por uma bela e elegante Ingrid Bergman – seu antigo amor que o abandonou depois do romance vivido em Paris, interrompido pela invasão nazista à capital Francesa. A cena da despedida (na qual Rick lê a carta de Ilsa) é linda, principalmente ao perceber que até então sua felicidade com aquele romance, vai se esvaindo junto com a tinta das palavras da carta em meio à chuva antes de embarcar em fuga ao desconhecido.
Como todo bom romance clássico, a raiva vai aos poucos se transformando em desejo. IIsa agora é casada com uma importante figura da resistência do nazismo,Victor Laszlo (Henreid) que apesar do interesse consciente do passado de sua esposa com Rick, manteve-se sempre íntegro. No mesmo aspecto, ele está determinado a sair de Casablanca e das garras do aproveitador e tolerante Cap. Renault (Rains), que tenta a todo o momento agradar o Major nazista.
Após as dores do reencontro entre Rick e Ilsa, ele toma a decisão de entregar os documentos dos indultos ao casal. Apesar de a decisão ser dolorosa, foi a mais correta, uma vez que salvará uma importante figura que influenciará a luta contra o regime nazista. No mesmo sentido, Rick manterá aquilo – mesmo depois das decepções – que tem de melhor em relação à Ilsa : As lembranças de quando eram felizes juntos antes da guerra, sentimento eternizado na famosa frase “nós sempre teremos Paris”.
E com este final icônico Rick parte para o futuro e as consequências da guerra que ainda esta somente no começo. E independente do destino do personagem-- assim com o próprio filme-- estará sempre nos nossos corações.
“You must remember this
A kiss is still a kiss
A sigh is just a sigh...”