Enigma Do Outro Mundo (1982)

Direção: John Carpenter

Elenco:  Kurt Russel, Wilford Brimley, T.K Carter, David Clennon, Keith David e Richard Dysart

 

    Ficar acordado de madrugada em frente à TV na década de 80, ao saber que iria ser exibido “O enigma do Outro Mundo” (The Thing), não era uma das tarefas mais fáceis. Primeiro pelo fato de ter que acordar cedo para as obrigações estudantis e segundo, e mais importante, era superar o pavor ao ver este clássico de John Carpenter, que mais de 30 anos depois merece todos os créditos, elogios e reconhecimentos que infelizmente não obteve na época do lançamento.

    Em 1982 “quando foi lançado, “O enigma do Outro Mundo” sofreu a dura concorrência de ‘’E.T” de Spielberg, tanto em termos de estrutura e na questão principalmente ideológica. Naquela época a preferência era para ver alienígenas bonzinhos que eram as vítimas e não o contrário ( Antes que digam que sou contra “E.T”,  o mesmo é um dos meus clássicos preferidos dos anos 80 e choro sempre ao revê-lo). 

       Refilmagem do “O Monstro do Ártico” de 1951, “O enigma do Outro Mundo” era justamente a maior personificação do pesadelo em forma de alienígena (junto com Alien de Ridley Scott) que os humanos poderiam encontrar: Uma equipe de cientista em pleno isolamento do ártico, encabeçada pelo ator-fetiche de Carpenter, Kurt Russel, são vítimas de uma entidade extraterrestre, que tem o poder de se passar pelo organismo vivo com que tiver contato.  

     E o contexto do filme que já é interessante, é explorado por Carpenter de maneira magistral, aumentando a tensão a cada segundo, fazendo com que espectador fique preso à poltrona, num jogo psicológico sem saber quem será a próxima vítima e quem realmente é o alienígena, no qual não sabemos de certa maneira sua aparência original. Destaque para a cena em que os sobreviventes são submetidos a um teste de sangue e fogo para revelar qual deles não é quem aparenta ser. 

    E tecnicamente falando, “O enigma do Outro Mundo” é mais espetacular ainda, a fotografia e direção dão o tom certo de isolamento daquela estação de pesquisa no meio do gelo, explorando bem os ambientes, dando uma sensação de claustrofobia e de como talvez ninguém saia daquela sepultura de gelo com vida (a menos claro o próprio alienígena). E para completar temos a trilha sonora do Mestre Ennio Morricone aumentando o clima de tensão e nervosismo. 

    E por último e não menos importante, não podemos falar de “O enigma do Outro Mundo” sem comentar os efeitos especiais e maquiagem dos mestres Lance Anderson e Rob Bottin, que até hoje soam convincentes e assustadores. Como obviamente não existiam computadores avançados para tal, os efeitos eram todos mecânicos, fazendo o realismo saltarem aos olhos (Como não ter pesadelos com a cena do canil?) deixando qualquer CGI no chão, principalmente por ser tratar de efeitos reais e os atores contracenam como o mecanismo ao contrário dos efeitos por computador.

  “O enigma do Outro Mundo” é um clássico de ficção e terror, tenso, com final ambíguo, que deve ser sempre visto e revisto, demonstrando as novas gerações, que mesmo com as inúmeras cópias (até uma refilmagem desnecessária), jamais perderá o impacto.