Malévola
Direção: Robert Stromberg
Elenco : Angelina Jolie , Elle Fanning , Sharlto Copley e Sam Riley
Esta nova adaptação do conto infantil da Bela Adormecida, moldado pelos irmãos Grimm e imortalizado pelo desenho de Walt Disney de 1959, nos conta a história usando agora o ponto de vista da “vilã” Malévola, vivida de maneira respeitável por Angelina Jolie, que desiludida com a perda e traição física do seu amor , vinga-se lançando um feitiço na filha recém-nascida do rei. No qual a menina após os 16 anos irá dormir eternamente, até que um beijo que represente o amor verdadeiro a acorde, criando assim uma maldição que nunca poderá ser desfeita por nenhuma força da Terra - a não ser o amor.
Mesmo sendo uma história que boa parte do público conhece ou por simplesmente estar no coletivo imaginário, Malévola tem méritos de nos oferecer um pouco além do que estamos acostumados em ver nestas novas adaptações de contos infantis, muito por causa de conter um pano de fundo, que não soa piegas e permite que o espectador se identifique facilmente com o drama da protagonista. Isso tudo levando em consideração que estamos falando de uma fábula com reinos, fadas e criaturas fantásticas. E após o longa, realmente olharemos a Malévola com outros olhos.
Com a roteiro de Linda Woolverton e a direção estreante de Robert Stromberg , tomando a decisão correta de agilizar logo a história de início, eles nos apresentam um colorido reino encantado em que a figura da infantil fada Malévola, com sua aparência demoníaca, surge entre as nuvens (com um giro que será repetido futuramente em seu renascimento) e é o foco das atenções e possui autoridade sobre as outras criaturas. E como vigilante, impede um roubo de um humano (cuja raça nunca viu) as riquezas do reino; conhecendo o amor através da mentira que será importante para pontuar a historia.Culminando com seu amado- dominado pela ambição- a ceifar aquilo que ela tem sibolicamente de mais valioso, mudando para sempre o destino e personalidade de ambos .
Neste ponto já podemos destacar a direção de artes que cria um verossímil e "simples" mundo de faz de contas, com destaque para o figurino que de início já aproxima os protagonistas quando jovens pela vestimenta da cor marrom, fortalecendo o laço entre eles - e também de serem órfãos. E é ao longo do filme que este aspecto (Figurino) se destacará, expressando de maneira clara e óbvia os sentimentos e características da protagonista e suas mudanças ao longo da projeção. Angelina Jolie surge sempre bela com longos vestidos pretos e silhueta aumentada pelos contundentes chifres cobertos com uma espécie de lenço (Detalhe notar que boa parte do filme este lenço cobre suas orelhas, como quisesse esconder as origens de fada depois que a mesma se entrega ao mal, apenas para no final ficarem descobertas)
Outro ponto que conseguiu chamar a atenção foi o desenvolvimento dos personagens, não somente a de Angelina Jolie que se mostrou sensível às mudanças (como por exemplo, a sua tentativa de desfazer o encanto devido ao sentimento que nutre pela princesa e não ter a vergonha de “perder” o respeito com uma brincadeira a beira de um rio) , assim como o personagem Diaval (Sam Riley) que é um bom coadjuvante, não servindo apenas como objeto de manipulação, mas tendo importante participação, algumas sensíveis, e confrontando as decisões da chefa. E a atuação de Sharlto Copley que mais uma vez entrega um personagem conflitante e crescente na sua loucura e medos pelos atos de covardia do passado e por se transformar um monarca corroído e solitário.Quanto a Elle Faning que com sua Aurora, não surge tão bela quanto à profecia (culpa da atriz) ,soa com seu sorriso, inocentemente boba, mas que perdoaremos pela abordagem do filme.
Malévola tem alguns problemas, com alguns diálogos expositivos e fato da protagonista sempre antecipar o resultado da sua magia, com não estivesse explícito, e por não distinguir muito o mundo fabulesco, do lugar onde a princesa é criada devido ao fato tudo soar fantasioso. Outro ponto que não me agradou são as próprias fadas protetoras vividas pelas atrizes Juno Temple , Leslie Manville e Imelda Staunton que servem de alivio cômico , mas soam chatas e irritantes em suas trapalhadas ao cuidarem da princesa Aurora . Fora que os efeitos, quandos estão transformadas em fadas , deixam suas expressões artificiais demais. Voltando ao diálogo , somente um ressalva. Tem uma passagem bem interessante que a protagonista em um momento do filme solta a frase : “Eu não gosto de crianças” , que somente se tornou engraçada por sair da boca da Angelina Jolie , mãe de um pequeno e multirracial batalhão.
Outro detalhe que incomodou é o 3D, que prejudicou escandalosamente a fotografia do filme - que já é naturalmente escura - com a conversão. Assim ficou quase impossível de distinguir o que se via na tela, como as cenas que apenas os olhos da personagem principal surge ou as sequências que dão ênfase ao lado sombrio da Malévola.
Fora isso, o filme nos apresentou boas sequências de ação (mesmo que curtas), como a batalha inicial entre humanos e as criaturas (espécie de Barbávores) e principalmente a cena final em que sentimos a dor da protagonista ajudada pelo escudeiro transformado novamente, fazendo uma ligação com o final historia tradicional da Bela adormecida. E onde o há uma bela cena do embate final no fogo entre Malévola e o Rei, com o desfecho para vilões mais clichê de todos. Enfim Malévola, se não é algo extraordinário, cumpre seu papel como uma fábula, que poderia ser mais ambiciosa, melhor estruturada e desenvolvida , mas não compromete em contar sua história e ao mudar(ou atualizar) o conceito moldados pelos anos para os personagens envolvidos .
Cotação 3/5