Star Wars - Episódio VII - O despertar da força

Direção: J.J Abrams

Elenco : Daise Ridley, John Boyega, Harrison Ford, Oscar Isaac, Carrie Fisher, Peter Mayhew, Adam Driver, Anthony Daniels e Mark Hamill

Não podemos usar outra palavra que não seja transição para definir o novo filme da maior franquia da história do cinema. Depois de décadas sob o comando de seu criador George Lucas, a Disney entregou para J.J Abrams - fã assumido - a responsabilidade de renovar a série e apresentá-la a uma nova geração (assim como feito com Jornada nas Estrelas) sem desrespeitar os fãs e evitar os erros que Lucas cometeu com a trilogia anterior, ou seja, excesso de efeitos digitais, infantilização e uma direção fria nos episódios I, II, III. Toda a expectativa é preenchida quando Abrams torna este Episódio VII em um filme coeso e bem estruturado, em que o aspecto humano e o desenvolvimento dos conflitos pessoais são mais trabalhados, principalmente se compararmos à direção de George Lucas. Torna-se, assim, este novo capítulo como o melhor da série, juntamente com o cultuado Episódio V - O Império Contra Ataca.

Em Despertar da Força, J.J Abrams tomou ousadas decisões - tanto no contexto como no destino de alguns personagens (somente vendo o filme para saber) -, mantendo, praticamente, a mesma estrutura do primeiro filme da trilogia clássica, de 1977, mas sem jamais copiar ou emular o antigo diretor. Tal ousadia é obviamente notada também ao entregar o protagonismo do filme a uma mulher e um negro, na qual alguns fascistas pediram o boicote do filme. Bem dividido nos seus atos, primeiro conhecemos Rey (Ridley), uma jovem sonhadora e destemida catadora de lixo. Com determinação, a atriz torna a sua personagem em um ícone e símbolo desta nova geração, por possuir carisma suficiente, numa mistura de Han Solo e Luke Skywalker.

Os protagonismos feminino e negro foram muito bem construídos, contudo, mesmo o vilão, que por vezes soa instável como indivíduo e correndo o risco de perder a identificação do público, é ameaçador a sua maneira e principalmente na sua premissa, assim Kylo Ren (Driver) tem tudo para se tornar um vilão interessante ao longo da saga. Todavia, neste momento, é impossível e injusto compararmos com Darth Vader. O diretor ainda conseguiu transformar a transição de gerações em algo quase religioso e, mesmo para os fãs antigos que acham que os personagens da primeira geração durarão para sempre (desculpa, mas não irão), a "Força" seguirá em frente e deve-se admitir que o filme apresentou tais ícones de maneira perfeita e no tempo certo de cada um. Atenção para a direção de artes que se preocupou ao inserir algumas referencias da trilogia clássica, como por exemplo, nas cenas ocorridas no planeta Jakku (porque não Tatooine?) onde vemos antigos cruzadores imperiais e os famosos AT-AT destruídos fazendo alusão as grandes batalhas que ali ocorreram e que ficaram no passado.

Contudo todos os outros elementos essenciais da trilogia clássica também estão presentes (principalmente as referências do Episódio IV): General Leia (ainda fazendo parte da aliança contra a nova ameaça, a Primeira Ordem), Han Solo (intacto e, mesmo com as limitações da idade, Harrison Ford cativa o púbico), acompanhado do seu parceiro Chewbacca (seu arco dramático se sustenta como nunca), a Millennium Falcon e os androides RD-D2 e o C-3PO, ainda funcionais dentro da sua proposta. Contundo não tem como arrancar risos ou lágrimas ao ver o fofo BB-8 trabalhando em conjunto com o seu antecessor R2-D2(Roubando todas as cenas que aparece, o novo androide é mais ágil e tem o mesmo temperamento do seu antecessor e já nasce como um dos personagens mais amáveis da série).

O despertar da força é competente e ágil ao explorar em suas sequências novas possibilidades, novos ângulos e misturas que antes seriam impensáveis, sem engessá-las como Lucas poderia fazer. O roteiro é enxuto ao não fornecer muita ideia do que exatamente aconteceu depois do Retorno de Jedi, mas é suficientemente claro ao deixar brechas para o público imaginar o que se passou. Como por exemplo, o relacionamento entre Han Solo e Leia é permeado por poucas palavras, mas suficientes para imaginarmos toda a história que houve e a química entre eles.

Logo, O Despertar da Força é competentes ao explorar em suas sequências novas possibilidades, novos ângulos e misturas que antes seriam impensáveis, sem engessá-las como Lucas poderia fazer. Os fãs de Star Wars agradecem e saem do cinema como um sorriso maior do que quando entraram. Agora aguardamos ansiosamente o Episódio VIII e todas as suas revelações e outros conflitos familiares que estão por vir, e que Star Wars tenha uma vinda longa e próspera na imaginação de todas as gerações do passado, presente e futuro.

May the force be with you...

Cotação 5/5