Ponte de Espiões (Brigde of Spies)
Direção: Steven Spielberg.
Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Domenick Lombardozzi, Amy Ryan e Jesse Plenons
“Você é Alemão e eu sou Irlandês. O que nos faz americanos? O respeito à constituição e as leis”. Este diálogo resume bem a corajosa critica que Spielberg faz em seu no longa Ponte de Espiões , onde critica esta politica de preconceito a estrangeiros ironicamente enraizada na cultura americana. Contudo, este mesmo diretor não é mais capaz de permitir que o espectador possa ser emotivo por conta própria sem o filme constantemente escancarar os sentimentos como dissesse: Vamos! agora é hora de se emocionar e sentir pena do personagem. (Fora a benevolência e justiça americana que são postas em evidência em detrimento dos soviéticos, como somente estes últimos fossem os únicos capazes de cometerem atos de tortura e privações dos direitos civis)
Filmado sempre com uma luz brilhante para evidenciar o tom nostálgico, o filme conta a historia real de Rudolf Abel (Rylance) acusado pelo governo americano de espionagem em plena guerra fria, e para mostrar a comunidade internacional sua justiça inócua, os americanos propõem que o acusado tenha um julgamento justo em que será defendido pelo advogado James Donavan (Hanks). O magistrado com seu senso de moral põe sua carreira e vida pessoal em risco defendendo um possível criminoso que será usado como moeda de troca com os russos que capturaram um piloto americano. Com atuações discretas e não menos convincentes, a química entre Donavan e Abel é suficiente para que possamos nos importar realmente com os personagens, até porque temos um espião sendo bem tratado pelo justo sistema prisional americano e um americano negociando a paz mundial. Assim com sua competência Tom Hanks não tem problema em construir seu personagem sempre a margem do jogo politico e acima de tudo um homem de família.
Contando com uma direção de artes competente que retrata de maneira fria a cortina de ferro em plena construção do muro de Berlin, Spielberg ainda é capaz de chocar e mostrar os terrores que ouviu durante toda vida sobre as Famílias separadas e mortas pelo muro. O roteiro escrito pelos Irmãos Coen apresenta todas as camadas de mentiras e riscos que Donavan enfrenta como visto no momento que o advogado viaja para a República Democrática da Alemanha (um nome longo segundo os americanos) para negociar com os Alemães a entrega de um outro prisioneiro americano que também estava em mãos inimigas. Neste momento é interessante que vemos a persona de Donavan: Mesmo ciente que esta sendo usado como bode expiatório, jamais se deixa de ser tomado pelo medo ou perigo.E com astúcia leva seu plano a frente de negociar com dois países ao mesmo tempo.
O longa flui de maneira correta e possui bons momentos como a bela sequencia inicial que poupa diálogos mas sobra em tensão, e claro a cena final que ocorre na ponte em si, com a troca dos presos em que ficamos apreensivos durante o momento no qual um movimento errado poderá por tudo a perder - ou quando vemos pelos olhos infantis (pois estamos falando de Spielberg) os horrores de uma guerra nuclear e suas consequencias no comportamento das pessoas. Entretanto, mesmo com seus percalços que são mais um escolha particular da decisão do diretor (que a esta altura não acredito que mude), Ponte de espiões é um thriller competente que nos leva para uma época que um contratempo em um mundo polarizado poderia levar a destruição da humanidade, mas que foi evitado por homem interessado em defender os direitos humanos.
Cotação 3/5